segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tirar da mala


Eduardo Mondlane dando um rolê na selva


Aí você saca a pasta de dente da nescessarie e não tem que pôr de volta. Gruda os mapas na parede e quando volta da labuta eles caíram todos, a fita-cola não é das melhores. Subindo os oito lances de escada não fica muito claro para onde estou indo. Abrindo o cadeado da pesada porta preta de ferro eu penso duas vezes, "casa, casa?". Casa. Essa pérola incrustada no cortiço que por aqui é prédio mesmo. Já tenho um sítio pra curtir meu tédio com dignidade. Vou plantar um pé de maracujá. Fim-de-semana bom, pano de chão, edredon. Será que chegou a hora de assumir onde eu tô? Será que eu tô mesmo no 4º andar do número 280 da Avenida Eduardo Mondlane, no bairro da Polana, em Maputo, Moçambique, aqui no sul da África? Não, não, melhor não. Tô no mundo e pronto, e é bom nem lembrar o nome do planeta de vez em quando pra não se perder na lógica sacana que movimenta as coisas. Portanto, esqueçam de vez esse post, essa conversa nunca aconteceu.

Câmbio, desligo.

Mas não desliga. O walkie-talkie apita sem parar e as janelas continuam abertas. O blog maldito continua aqui sugando meus dedos que surrupiam pensamentos transformando tudo em margarina no pão. A frase aí atrás saiu sozinha, desculpa... Antes fosse louco, assim não parecia idiota. Quem dera um pouco mais idiota, aí eu enlouquecia de vez, e tudo bem. Minha cabeça tá ficando vazia, agora eu sou uma maquina de fazer revistas e só. Tô feliz pra burro com isso. O vizinho ontem me deu haxixe, aceitei porque ele quis ser simpático me oferecendo aquele excelente haxixe da Somália. Mas não vou fumar porque detesto.

Tchau.

Oi, tô de volta. No caminho pro trabalho cruzo dois quarteirões. Compro abacate, banana e castanha de caju. Me meleco todo tentando transformar essas coisas num café-da-manhã dentro da van lotada até o ladrão. De novo atrasado, dou tchauzinho e um sorriso maroto pro chefe que não me entende nada, portanto não me incomoda. Eu gosto daqui e não ligo pras pessoas. É muito bom escolher o tom da solidão. Sorri pra cá pra lá, toma uma cerveja e o resto que se dane. Tô mesmo sozinho e isso é o que interessa. Só, só, só, só, só, só. Dá medo, dá dó, deixa tudo melhor. Uma hora passa. Uma hora passa depressa.

Agora chega, né?

Não! Tem explicação! Saudade, a carruagem doutrora, a diarreia, a amora. Minh'alma, minhoca. Te dou uns pipoco e acorda com a boca cheia de formiga. Tenho sentido muita falta de cozinhar. Preciso aprender a preparar lagosta. Hum, lagosta, poxa, que saudade de todos, de tantos, de você, meu bem. Saudade de comer lagosta com você, que nunca comeu lagosta nem nada, mas gosta de biscoito de polvilho. Te amo.

Acabou o post?

Acabou.

2 comentários:

poli disse...

Hummm...Vou experimentar lagosta com voce em Maputo, logo,logo. O biscoito deixamos para quando dermos aquela passadinha na minha terrinha. te amo tambem.

gi disse...

chega de ficar sozinho, amor. quantas provações mais vc precisa passar pra provar oq pra vc? não faz o estilo de um menino que fugiu da escola.

ass.: mãe-irmã-filha nº 2.