Depois de terminar mais um dia de trabalho na Demolições de Castelo de Carta S.A me dirigi ao consultório médico do imbondeiro aldabrão. É que minha minha barriga, cansada de empurrar o mundo, está congelando. O coração teima em sair pela boca e não esquenta mais nada. O frio piora a medida em que os pensamentos escoam goela abaixo, inundando tudo com neve derretida por todo esse fogo de palha que sai da boca. O doutor prescreveu: "Com tanta solidão, até que seria bom aprender o que é saudade. Talvez ela queimasse melhor que palha, falta, preguiça ou descaso, movimentasse as correntes térmicas do seu mundo, mantendo a cabeça-polar bem fria e um peito estufado nos trópicos". Se ao menos eu soubesse onde ela mora. Paguei o doutor com um olhar misericordioso e desci pra fumar e ir embora. "Queperetequerepêêêêêêêê!!!", gritava aquela vendedora de peixe, maldita, e eu esqueci tudo o que o doutor me disse. Vou voltar as órbitas dos olhos pra cima pra tentar ver minha nuca vazia. Vou me alongar. Vou falar besteiras, bem alto, no fundo da piscina do trampolim. Vou conquistar o topo de uma montanha de entulho. Vou dar uma volta e ver se me encontro por aí...
Preliminares
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abril•maio•junho Preliminares Lab de Literatura & Erotismo escrita de
ficções breves com Ronaldo Bressane vagas…
Há 7 meses
3 comentários:
saudade não mata a gente, diz a música.
mas que tenta, tenta.
beijo
faz bem sim, e é exclusivo de brasileiro.
poesia concreta: um monte de cimento e pedra. sacou?
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