segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dança Quebrada




Em Anápolis, Goiás, Brasil e tal tem um parque bem agradável. Foi lá que eu passei esse domingo. Demorou vinte e sete anos pra eu entender o valor dos domingos e da manhãs. Demorou vinte e sete anos e um domingo bem vivido pra eu entender como parques urbanos com goianos e tudo podem ser agradáveis. Demorou. Aí né, eu tava lá num desses campeonatos internacionais de break dance que eu nem sabia direito que existiam, – menos ainda num rincão, tipo Anápolis – eu tava lá. Tinha aqueles caras que faziam aquelas coisas acrobáticas batidas e os que não faziam coisas batidas, mas que eram acrobáticas e legais. Fazia sol e eu curtia o sol e a cerveja. A cerveja era bem proibida porque o mecenas, com a cara pintada de Coringa do Batman, ficava dizendo que era palhaço, que todo mundo era palhaço por uns lances relacionados ao Sistema e a TV Globo e que o Jesus não autorizava cerveja, sendo assim, naquele parque ninguém se atrevia a beber cerveja. Mas ela era vendida do outro lado da rua, tava gelada e boa. O Kibe vendido no mesmo lugar estava gelado e ruim por dentro, mas o domingo era quente e bom. Antes, eu estava em Olhos D'água, tentando juntar um monte de cacos meus que, felizmente, consegui trazer na mala até aqui. Quase todos esses cacos estavam aqui e foram colados, num trabalho artesanal de meses seguidos, com muita super-bounder e amor materno. Mas faltavam uns cacos, uns preciosos que ficaram noutra mala, lá em Maputo... Depois desse Antes, mas antes de Agora, me enfiei em desventuras riquíssimas pelo sertão do Nordeste onde minhas referências e sonhos se transformaram em surtos babacas de auto conhecimento. Quase morri, por conta própria, se quer saber. Ó só que massa, o menino cresceu, tem família e tudo, tem feito algo de bom, se quer saber também. Falar, sentir, amar, amar domingos e uma ou outra manhã. "Que vergonha moço, que vergonha". Que bom também. Tô indo, outra vez, rindo, outra vez também, mas com o coração se enchendo de paz (essa palavra difícil de manter), com os cacos no lugar, com uma boa lembrança de Anápolis e sem me importar se viverei em Maputo, São Paulo, Brasília, Berlim, Recife, Luanda, Tokyo ou João Pessoa. Não importa. Só quero achar esse caco que não deixa minha pleura ser pleura. Eu quero é estar vivo, os domingos, umas manhãs, quero vocês meus amigos, bem mais de 140 caracteres e bem menos facebook. Mas dá mor vergonha falar.

2 comentários:

Sergio Aires disse...

Samito.

Maria disse...

Vem logo PORRA!!! não esquece a boneca que canta...que segundo o ultimo pedido aqui, terá que voar também, de preferencia. Coisa boa.